Moradores de pequenas cidades no estado de Querétaro, próximo à fronteira com os Estados Unidos, afirmam que apagões e escassez de água passaram a ser frequentes desde a implantação de um complexo de data centers da Microsoft. As reclamações vieram à tona nesta segunda-feira (20/10/2025) em reportagem do The New York Times, mas a companhia nega relação entre as suas operações e os transtornos.
Principais pontos das queixas
Segundo os residentes, os cortes de energia prolongados têm causado perda de alimentos, medicamentos e queima de equipamentos eletrônicos, além de prejudicar o acesso à internet e a comunicação por celular. Escolas relatam fechamentos temporários e clínicas de saúde atendem pacientes em condições precárias pela falta de eletricidade e água.
Na vila de La Esperanza, um surto de hepatite atingiu cerca de 50 pessoas no último verão, episódio que o médico local Victor Bárcenas associa à interrupção no abastecimento de água e à consequente dificuldade de manter a higiene básica. Comunidades indígenas que utilizavam uma nascente para agricultura e criação de animais também relatam impactos; com a área agora cercada, muitas famílias recorrem a caminhões-pipa mediante pagamento mensal.
Posicionamento da Microsoft
A empresa declara ter realizado análises internas sem encontrar evidências de contribuição para apagões ou falta de água na região. O vice-presidente corporativo de data centers para as Américas, Bowen Wallace, afirmou que as unidades “utilizam quantidades mínimas de água para resfriamento” e não demandam “carga tão grande de eletricidade”, assegurando que a companhia “prioriza as necessidades básicas da comunidade”.
Autoridades locais e outros episódios
A Comissão Federal de Eletricidade do México atribui os apagões recentes a tempestades e colisões de animais com equipamentos. Já o diretor de desenvolvimento industrial de Querétaro, Alejandro Sterling, minimiza os problemas e diz que as instalações não desperdiçam água.
Casos semelhantes de sobrecarga em infraestrutura foram citados em países como África do Sul, Reino Unido, Espanha, Índia, Malásia, Chile, Irlanda e Brasil, onde complexos de servidores também enfrentam críticas por consumo elevado de recursos.
Com informações de TecMundo