O Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, na Holanda, decidiu substituir o Microsoft Office pelo OpenDesk, pacote alemão de aplicativos on-line de código aberto. A mudança foi motivada por preocupações com segurança e autonomia digital, informou o jornal alemão Handelsblatt.
Interferência em e-mails motivou decisão
Segundo o veículo, a corte reagiu após a Microsoft bloquear contas de e-mail do procurador-chefe Karim Khan e de outros funcionários do TPI em decorrência de sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos durante a gestão Donald Trump. A Microsoft nega ter realizado o bloqueio.
O que é o OpenDesk
Desenvolvido pelo Centro Alemão para a Soberania Digital (ZenDiS), órgão criado em 2022 pelo governo da Alemanha, o OpenDesk oferece ferramentas web para e-mail, chat, videoconferência, calendário e edição de documentos. O ZenDiS afirma ter como objetivo assegurar a “soberania por natureza” e também colabora com o governo francês em uma alternativa nacional ao Google Docs.
Europa amplia uso de software livre
A decisão do TPI reforça a onda de soberania digital incentivada pela União Europeia. Recentemente, a Dinamarca e o estado alemão de Eslésvico-Holsácia anunciaram planos semelhantes:
- Em junho, o Ministério de Assuntos Digitais da Dinamarca confirmou a migração do Windows e do Microsoft 365 para Linux e LibreOffice, citando o fim do suporte oficial ao Windows 10 em 14 de outubro e a redução de custos com licenças.
- Pouco depois, Eslésvico-Holsácia iniciou a troca do Microsoft Teams e do Office por alternativas abertas em mais de 60 mil estações de trabalho do setor público.
A Document Foundation, responsável pelo LibreOffice, tem incentivado governos e empresas a adotarem soluções de código aberto para enfrentar o fim do suporte ao Windows 10 e diminuir a dependência de softwares proprietários.
Imagem: Internet
Com a mudança, o TPI se torna uma das primeiras cortes internacionais a adotar integralmente uma suíte open source, sinalizando uma tendência de maior independência tecnológica entre órgãos públicos europeus.
Com informações de Tecnoblog