São Francisco (EUA), 20 de outubro de 2025 – A Periodic Labs, criada pelo ex-pesquisador da OpenAI Liam Fedus e por Ekin Doğuş “Doge” Çubuk, que atuava no Google Brain, saiu do modo stealth no mês passado já anunciando uma rodada seed de US$ 300 milhões, considerada uma das maiores nesse estágio. O aporte foi liderado pela gestora Felicis e contou com nomes de peso do capital de risco e investidores-anjo.
Quem investiu
Além da Felicis, participaram Andreessen Horowitz, DST, NVentures (braço de investimentos da Nvidia) e Accel. Entre os anjos estão Jeff Bezos, Elad Gil, Eric Schmidt e Jeff Dean. Apesar da trajetória de Fedus na OpenAI, a organização não figura entre os financiadores da nova empresa.
Origem da ideia
Fedus e Çubuk começaram a discutir o projeto há cerca de sete meses. Ambos acreditam que três avanços recentes tornaram possível automatizar a descoberta de novos materiais: braços robóticos confiáveis para síntese de pós, simulações de aprendizado de máquina mais precisas e modelos de linguagem com capacidades de raciocínio ampliadas. “Fazer experimentos entrar no ciclo da IA é a próxima fronteira”, afirmou Fedus.
Modelo de laboratório automatizado
A proposta da Periodic Labs combina simulações para sugerir compostos, robôs para produzi-los e grandes modelos de linguagem (LLMs) para analisar resultados e ajustar rotas de pesquisa. Çubuk já havia coassinado em 2023 um estudo no Google mostrando um laboratório totalmente robótico que criou 41 compostos inéditos a partir de receitas fornecidas por LLMs.
A corrida dos investidores
Assim que Fedus anunciou a saída da OpenAI no X (antigo Twitter), fundos de venture capital passaram a se aproximar da dupla. Segundo o fundador, houve “reverse pitch”: investidores enviaram documentos extensos – e até uma “carta de amor” – tentando participar do negócio. O primeiro encontro concreto ocorreu com Peter Deng, ex-colega de Fedus na OpenAI e hoje na Felicis, que se comprometeu a liderar o cheque durante uma caminhada em Noe Valley, São Francisco, quando a empresa ainda nem possuía CNPJ nem nome oficial.
Equipe e operação
Com o caixa robusto, mais de duas dezenas de especialistas em IA e ciências exatas já foram contratados. Entre eles estão Alexandre Passos (criador dos modelos o1 e o3), o físico Eric Toberer, conhecido por descobertas em supercondutores, e Matt Horton, responsável por ferramentas de ciência de materiais baseadas em IA na Microsoft. Toda semana, um membro ministra aulas internas de nível de pós-graduação para alinhar conhecimentos entre as disciplinas.
Primeira missão: novos supercondutores
A Periodic Labs montou seu laboratório e começou a trabalhar com dados experimentais e simulações para prever materiais que possam conduzir eletricidade sem resistência em temperaturas mais altas. Os robôs responsáveis pela síntese ainda estão em fase de treinamento. A empresa reconhece que a busca científica é incerta, mas aponta que até mesmo experimentos mal-sucedidos geram dados valiosos para treinar modelos futuros.
Cenário competitivo
Grandes desenvolvedoras de IA também miram a aplicação da tecnologia em ciência. No mês passado, Kevin Weil, vice-presidente da OpenAI, anunciou a criação da unidade “OpenAI for Science”, com objetivo semelhante de acelerar descobertas.
A rodada recorde coloca a Periodic Labs entre as startups científicas mais capitalizadas no estágio inicial, mas os fundadores frisam que resultados concretos dependerão de longa pesquisa e integração entre algoritmos, simulações e experimentação física.
Com informações de TechCrunch