Milão – O conglomerado de tecnologia Bending Spoons, com sede na capital financeira italiana, entrou definitivamente no radar global após tornar seus quatro fundadores bilionários e fechar a compra da AOL. Segundo estimativa da Forbes baseada em dados do Registro Empresarial Italiano, a fatia do presidente-executivo Luca Ferrari passou a valer US$ 1,4 bilhão, enquanto Matteo Danieli, Luca Querella e Francesco Patarnello detêm participações avaliadas em US$ 1,3 bilhão cada.
Os novos valores patrimoniais refletem a rodada de financiamento concluída nesta semana: US$ 270 milhões em aporte primário capitaneado pela T. Rowe Price e por investidores recorrentes como Baillie Gifford, Cox Enterprises, Durable Capital Partners e Fidelity, além de uma venda secundária de ações de US$ 440 milhões. A companhia não informou se algum fundador se desfez de participação nessa transação.
Modelo de negócio: comprar, reestruturar e manter
Fundada há 12 anos e com 400 a 500 funcionários – chamados internamente de “Spooners” –, a Bending Spoons foca na aquisição de marcas digitais populares, porém estagnadas, para reformular produtos, tecnologia e modelo de receitas. Diferentemente de fundos de private equity tradicionais, a empresa afirma ter estratégia de “posse para sempre” e jamais vendeu um ativo.
A trajetória teve início a partir da extinta startup dinamarquesa Evertale, criadora do aplicativo de fotos Wink, que participou do Disrupt SF 2011. Após o fracasso do negócio original, o time passou a desenvolver aplicativos próprios e, em seguida, iniciou uma série de compras. Em 2020, a empresa desenvolveu e doou ao governo italiano o aplicativo de rastreamento de covid-19 Immuni – a rara exceção ao seu foco em aquisições.
Principais aquisições
2014–2021: várias transações, incluindo o aperfeiçoador de imagens com IA Remini.
2022: compra do pacote de apps de vídeo e foto Filmic (todo o quadro foi demitido em dezembro de 2023) e do app de anotações Evernote, que já havia sido avaliado em US$ 1 bilhão; após o negócio, ocorreram cortes de pessoal e restrição ao plano gratuito.
Primeiro semestre de 2024: aquisições de Meetup, Mosaic Group e StreamYard (da Hopin).
Julho de 2024: aquisição da plataforma de publicações Issuu e do serviço de transferência de arquivos WeTransfer, seguida por demissões e novos limites na modalidade gratuita.
Fim de 2024: acordo de US$ 233 milhões em dinheiro para fechar o capital da Brightcove.
Imagem: Internet
2025: compras do planejador de rotas ao ar livre Komoot e do software de gestão Harvest.
Grandes alvos de 2025: Vimeo e AOL
Em 2025 a Bending Spoons anunciou intenção de adquirir o Vimeo por US$ 1,38 bilhão em dinheiro e, mais recentemente, fechou acordo para comprar a AOL, hoje pertencente ao Yahoo, por valor não divulgado. A previsão é de que ambas as transações sejam concluídas até o fim do ano, sujeitas a aprovações regulatórias e, no caso do Vimeo, dos acionistas. Segundo a companhia, a AOL permanece entre os dez provedores de e-mail mais usados do mundo, com 8 milhões de usuários ativos diários e 30 milhões mensais.
Financiamento e investidores famosos
No final de outubro de 2025, a Bending Spoons tornou-se uma das poucas decacórnios europeias, ultrapassando US$ 10 bilhões de valor de mercado – um salto considerável em relação à avaliação de US$ 2,8 bilhões alcançada na rodada de 2024. Além do capital próprio, a empresa contratou US$ 2,8 bilhões em dívida para viabilizar a compra da AOL e futuras aquisições. Entre os acionistas minoritários estão nomes como Andre Agassi, Bradley Cooper, Eric Schmidt, Mike Krieger, Xavier Niel, The Weeknd, The Chainsmokers e Maluma.
Expansão da equipe
Para sustentar o ritmo de compras, a companhia mantém vagas abertas em diversas áreas. Novos contratados começam em Milão e, depois, podem optar por escritórios em Londres, Madri ou Varsóvia, além do modelo remoto. Mesmo destacando o ambiente de trabalho exigente, a Bending Spoons recebeu mais de 600 mil candidaturas em 2025.
Com caixa reforçado, a empresa indica que continuará buscando ativos de consumo e corporativos que possa tornar mais eficientes e rentáveis.
Com informações de TechCrunch