São Francisco (EUA) – A OpenAI, ao lado dos fundos Founders Fund e Lux Capital, destinou US$ 30 milhões à Valthos, startup de Nova York especializada no uso de inteligência artificial (IA) para segurança biológica. O anúncio foi feito nesta terça-feira (24).
Fundada por Kathleen McMahon, ex-chefe da divisão de ciências biológicas da Palantir Technologies, a Valthos cria ferramentas que detectam e previnem ameaças oriundas de agentes biológicos sintéticos elaborados com auxílio de IA. A empresa atuava de forma discreta até receber o novo investimento.
Como a tecnologia funciona
O software da Valthos coleta dados biológicos de sistemas de monitoramento de ar, águas residuais e outras fontes públicas e privadas. Esses registros são analisados por modelos de IA capazes de:
- identificar sinais precoces de patógenos emergentes;
- avaliar riscos de contaminação;
- atualizar contramedidas médicas diante de mutações.
A startup também planeja acordos com farmacêuticas para produzir e distribuir tratamentos ou vacinas em caso de emergência. “A única forma de conter um ataque é saber quando ele ocorre, atualizar as contramedidas e implantá-las rapidamente”, declarou McMahon.
Cenário de alerta
O investimento surge em um momento de queda no financiamento ao setor de biotecnologia, que atingiu o menor patamar em mais de dez anos, segundo a PitchBook. Paralelamente, a expansão da IA reacendeu o debate sobre riscos de armas biológicas. O Center for AI Safety chegou a classificar como “pesadelo” a possibilidade de um vírus criado por terroristas combinando características de HIV, sarampo e varíola.
Em relatório recente, a National Security Commission on Emerging Biotechnology pediu mais recursos para a área e advertiu que a China pode avançar primeiro em biotecnologia, comparando o potencial impacto a um “momento ChatGPT”.
Imagem: Ascannio
Visão da OpenAI
Para Jason Kwon, diretor de estratégia da OpenAI, a Valthos representa o primeiro investimento direto da companhia em biossegurança, mas não deverá ser o único. “Precisamos de um sistema de tecnologias que se equilibrem mutuamente para ser robusto”, afirmou, ressaltando que a proteção efetiva exige colaboração entre empresas, governos e centros de pesquisa.
Desafios de financiamento
Especialistas alertam que o aporte pode não cobrir totalmente os custos de longo prazo. Daniel Regan, do Council on Strategic Risks, lembra que startups de biossegurança costumam enfrentar o chamado “vale da morte” dos investimentos. Ainda assim, para Delian Asparouhov (Founders Fund), o avanço da IA tornou o tema prioritário. Já Brandon Reeves (Lux Capital) avalia que a Valthos é “apenas o começo” de uma nova geração de empresas focadas em defesa biológica, equiparando a ameaça ao nível nuclear e cibernético.
Com o novo capital, a Valthos pretende acelerar o desenvolvimento de sua plataforma e ampliar parcerias industriais, mantendo o foco na rápida identificação e contenção de possíveis ataques biológicos.
Com informações de Olhar Digital