A Netflix afirmou, em carta a investidores divulgada na tarde de terça-feira (21), que está “muito bem posicionada” para aproveitar os avanços da inteligência artificial generativa na produção audiovisual. A declaração acompanhou o relatório de resultados do terceiro trimestre.
Ferramenta para acelerar processos criativos
De acordo com o co-CEO Ted Sarandos, a empresa não pretende substituir o trabalho humano, mas usar a IA como recurso de apoio. “É preciso um grande artista para criar algo grandioso”, disse, durante teleconferência com analistas. “A IA pode oferecer ferramentas melhores e tornar o processo mais eficiente, mas não transforma automaticamente alguém em grande contador de histórias.”
Exemplos já em uso
Em março, a plataforma utilizou IA generativa pela primeira vez em cena finalizada: o colapso de um prédio na série argentina The Eternaut. Depois, a equipe de Happy Gilmore 2 recorreu à tecnologia para rejuvenescer personagens na sequência de abertura, e os produtores de Billionaires Bunker adotaram o recurso na pré-produção, para visualizar figurinos e cenários.
“Estamos confiantes de que a IA ajudará nossos parceiros criativos a contar histórias melhor, mais rápido e de maneiras inéditas”, afirmou Sarandos. “Estamos totalmente empenhados nisso, mas não buscamos novidade apenas pela novidade.”
Polêmica no setor
O debate sobre IA continua aceso em Hollywood. Profissionais temem que modelos treinados sem consentimento prejudiquem empregos. Apesar disso, a tendência entre estúdios, com a Netflix como termômetro, é usar a tecnologia principalmente em efeitos visuais, não como substituta de atores—embora a criação de “atores” sintéticos já tenha gerado protestos.
A controvérsia ganhou força após a OpenAI lançar, sem barreiras robustas, o gerador de áudio e vídeo Sora 2, capaz de reproduzir figuras públicas. Nesta semana, o sindicato SAG-AFTRA e o ator Bryan Cranston pediram à empresa a adoção de salvaguardas contra deepfakes envolvendo artistas.
Imagem: Getty
Questionado por investidores sobre o impacto do Sora, Sarandos disse que a ferramenta pode afetar criadores de conteúdo, mas minimizou riscos para a indústria cinematográfica e televisiva. “Não estamos preocupados com IA substituindo a criatividade”, declarou.
Números do trimestre
A receita da Netflix somou US$ 11,5 bilhões, alta de 17% em relação ao mesmo período de 2024, mas abaixo da projeção interna.
Com informações de TechCrunch