Moradores de pequenas cidades na região de Querétaro, no centro do México, relatam quedas constantes de energia elétrica e escassez de água desde a instalação de um complexo de data centers da Microsoft. As queixas ganharam destaque em reportagem publicada pelo The New York Times nesta segunda-feira (20).
Reclamações de rotina comprometida
Segundo os habitantes, os apagões prolongados provocam perda de alimentos e medicamentos, queima de eletrônicos e dificultam o acesso à internet. Escolas chegam a suspender aulas temporariamente, enquanto clínicas de saúde atendem em condições precárias, obrigando a transferência urgente de pacientes em estado grave.
Na vila de La Esperanza, um surto de hepatite atingiu cerca de 50 pessoas no último verão após sucessivas interrupções no abastecimento de água. O médico Victor Bárcenas afirma que a crise hídrica comprometeu a higiene básica, impedindo a população de lavar as mãos adequadamente e favorecendo a disseminação da infecção.
Comunidades indígenas que utilizavam uma nascente local para agricultura e criação de animais também se dizem afetadas: com a área cercada, muitas famílias passaram a pagar caminhões-pipa para suprir as necessidades diárias.
Acusações e respostas
Para Bárcenas, o investimento milionário da Microsoft não resultou em benefícios para a região. Outros moradores responsabilizam diretamente a empresa, alegando que a infraestrutura consome grande parte da eletricidade disponível.
A Microsoft refuta as acusações. O vice-presidente corporativo para data centers nas Américas, Bowen Wallace, declarou que a companhia utiliza “quantidades mínimas” de água para resfriamento e não exige carga elétrica elevada. “Analisamos profundamente e não encontramos indícios de que nossos data centers tenham contribuído para apagões ou falta de água. Sempre priorizamos as necessidades básicas da comunidade”, disse.
A empresa nacional de energia do México atribuiu as quedas de luz a tempestades e a animais que colidem com equipamentos. Já Alejandro Sterling, diretor de desenvolvimento industrial de Querétaro, minimizou o problema e afirmou que as instalações não desperdiçam água.
Queixas em outras regiões
Preocupações semelhantes foram registradas na África do Sul, onde cortes de energia se intensificaram após a inauguração de grandes estruturas de computação, e em países como Reino Unido, Espanha, Índia, Malásia, Chile, Irlanda e Brasil.
Os data centers demandam altos volumes de eletricidade e água para operar e resfriar servidores, o que, segundo especialistas, pode pressionar a infraestrutura de localidades com recursos limitados.
Com informações de TecMundo