Documentos apontam que Meta obteve R$ 85 bilhões com anúncios fraudulentos em 2024

Relatórios internos da Meta, examinados pela agência Reuters, indicam que a companhia deve encerrar 2024 com receita de aproximadamente US$ 16 bilhões (R$ 85,4 bilhões) proveniente de anúncios fraudulentos exibidos no Facebook e no Instagram.

Segundo os documentos, produzidos entre 2021 e 2025 por equipes de finanças, lobby, engenharia e segurança, cerca de 15 bilhões de anúncios suspeitos de golpe são exibidos diariamente. Dessa categoria, a big tech arrecadaria US$ 7 bilhões por ano, o equivalente a R$ 37,3 bilhões.

Sistema de moderação sob crítica

Os relatórios apontam que os algoritmos da empresa só vetam automaticamente anúncios quando há 95% de certeza de fraude. Se a probabilidade for inferior, a plataforma permite a veiculação e cobra valores mais altos, prática que, na visão interna, serviria para desencorajar anunciantes suspeitos.

Como consequência, usuários que clicam nessas propagandas tendem a receber ainda mais conteúdos ilícitos, potencializando a exposição a cassinos online ilegais, produtos médicos proibidos, esquemas de investimento e lojas virtuais falsas. A documentação registra que a Meta não conseguiu bloquear esse tipo de campanha por três anos consecutivos.

Os arquivos também reconhecem que concorrentes, como o Google, realizam moderação mais eficaz, tornando “mais fácil anunciar golpes” nas plataformas da Meta, conforme avaliação interna de abril.

Impacto sobre famílias de baixa renda no Brasil

Estudo intitulado “Fraude, IA e dinheiro falso: como a Meta lucra bilhões com golpes e exploração de famílias carentes no Brasil” analisou 16 mil anúncios em setembro de 2025. Desses, 52% apresentavam indícios de fraude e 9% foram confirmados como golpes. As ofertas se concentravam em empréstimos e crédito consignado para aposentados, trabalhadores formais e beneficiários do Bolsa Família, muitas vezes usando deepfakes para enganar o público.

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Imagem: Internet

Posicionamento da empresa

Em nota, a Meta declarou que os relatórios citados trazem “visão seletiva” e “distorcem” sua atuação contra golpes, afirmando que o faturamento real é menor. O porta-voz Andy Stone disse que as denúncias de anúncios fraudulentos caíram 58% nos últimos 18 meses e que mais de 134 milhões de conteúdos ligados a golpes foram removidos em 2025.

Até o fechamento desta reportagem, a companhia não apresentou novos números de receita para contestar as estimativas divulgadas.

Com informações de TecMundo

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