O Comitê Central do Partido Comunista da China divulgou, após quatro dias de reuniões em Pequim, as diretrizes do próximo plano quinquenal, que cobrirá o período de 2026 a 2030. O documento estabelece como prioridade avançar na autossuficiência tecnológica e ampliar o mercado interno, em meio a crescentes restrições impostas pelos Estados Unidos e por seus aliados.
Foco em semicondutores e IA
Entre os setores considerados estratégicos aparecem semicondutores, inteligência artificial, aviação, transporte e internet. A meta é aumentar a capacidade nacional de pesquisa, desenvolvimento e fabricação de chips e sistemas de IA, reduzindo a vulnerabilidade a sanções externas.
A iniciativa dá continuidade à estratégia de “dupla circulação” lançada em 2020, que estimula a produção local sem abandonar o comércio exterior. O detalhamento completo do programa está previsto para março de 2026.
Indústria no centro do PIB
Pequim pretende manter a participação da manufatura em patamar “razoável” dentro do Produto Interno Bruto, ao mesmo tempo em que procura reanimar o consumo interno, enfraquecido desde a pandemia de COVID-19. O plano também prevê eliminar gargalos regionais para facilitar a circulação de bens, capital e mão de obra entre províncias.
Menos ênfase em “segurança”
O texto menciona o termo “segurança” 15 vezes, ante 22 ocorrências no plano anterior, sinalizando tentativa de equilibrar objetivos econômicos com estabilidade política.
Consumo e bem-estar social
Para elevar a fatia do consumo — hoje em torno de 40% do PIB —, o governo promete ampliar a rede de seguridade social, melhorar serviços públicos e estabilizar o setor imobiliário. Ainda assim, o comunicado indica cautela fiscal: novas despesas deverão caber “dentro dos meios disponíveis”.
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Projeções de crescimento
Economistas consultados estimam expansão média de 4,5% ao ano na próxima década, abaixo dos 5,5% do ciclo anterior. Duncan Wrigley, da Pantheon Macroeconomics, avalia que a manufatura avançada continuará sendo a “espinha dorsal” do crescimento chinês enquanto a demanda interna não ganhar força.
Michelle Lam, do Société Générale, vê desafio na implementação: “O que importa é a execução das metas”, afirmou. Já Christopher Beddor, da Gavekal Dragonomics, observa sinal de leve inclinação a favor do crescimento em detrimento de medidas de segurança.
Com a nova estratégia, Pequim reafirma o objetivo de tornar o país autossuficiente em tecnologias críticas até 2030, apostando em setores de alto valor agregado para sustentar o desenvolvimento econômico.
Com informações de Adrenaline