Automattic alega uso indevido de marcas WordPress pela WP Engine em estratégia de SEO

Quem: Automattic, controladora do WordPress.com, e a empresa de hospedagem WP Engine.

O que: Em contrademanda apresentada à Justiça norte-americana, a Automattic afirma que a WP Engine utiliza de forma exagerada as marcas registradas “WordPress” e “WooCommerce” em seu site como parte de uma suposta campanha de infração e para obter vantagem em resultados de busca.

Como: Segundo o documento, a WP Engine teria “aumentado drasticamente” o número de menções às marcas a partir de 2021 (WordPress) e 2022 (WooCommerce). A Automattic cita sete vezes o termo “search engine optimization” (SEO) e sustenta que a repetição de palavras-chave influenciaria algoritmos de buscadores, direcionando usuários à WP Engine em vez de WordPress.org ou WordPress.com.

Gráfico apresentado pela Automattic

A empresa anexou um gráfico que compara a média mensal de menções a “WordPress” em páginas da WP Engine com 18 outras provedoras. O resultado mostra a WP Engine muito à frente das demais, indicando suposto “uso agressivo” dos termos.

Questionamentos sobre o critério de comparação

Especialistas em SEO apontam possíveis vieses na amostra. Entre as 18 concorrentes listadas, apenas cinco são plataformas de hospedagem gerenciada exclusivamente para WordPress; as outras oferecem serviços variados, como registro de domínios e VPS, o que, por natureza, reduz a incidência da palavra “WordPress” em seus sites.

Comparação direta entre três serviços de hospedagem gerenciada mencionados pela própria Automattic mostra números diferentes:

  • Rocket.net: 21 menções
  • WP Engine: 27 menções
  • Kinsta: 55 menções

Ao ampliar a análise para outros provedores não citados na peça judicial, o volume de menções em páginas principais variou de 9 (WPX Hosting) a 28 (Pagely). Já em empresas de hospedagem generalista, registraram-se índices ainda maiores, como 101 menções na InMotion Hosting e 97 na Greengeeks.

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Imagem: Internet

Debate sobre relevância de palavras-chave

Profissionais com longa atuação em SEO contestam a premissa de que a quantidade de repetições de um termo continue sendo fator decisivo de ranqueamento. Referência pública do Google orienta que o algoritmo prioriza intenção de busca e compreensão semântica, podendo exibir conteúdos que nem sequer contêm o termo exato pesquisado.

Como exemplo, a página wordpress.com/hosting/ — que não traz a expressão exata “Managed WordPress Hosting” — aparece na segunda posição do Google para essa consulta.

Até o momento, o processo segue em tramitação. Caberá ao tribunal avaliar se os argumentos sobre SEO e uso das marcas configuram, de fato, infração e confusão ao consumidor.

Com informações de Search Engine Journal

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