Alex Karp, da Palantir, reage a críticas e justifica atuação em defesa, imigração e Israel

Em entrevista à revista WIRED durante o encontro anual de clientes da Palantir, o presidente-executivo Alex Karp defendeu os contratos da empresa com órgãos de segurança dos Estados Unidos e aliados, rebateu acusações de conivência com regimes autoritários e afirmou que a principal concorrência da companhia “é política”.

Quem é Alex Karp

Karp, 58 anos, nasceu na Filadélfia, filho de pediatra judeu e artista negra. Disléxico, diz ter superado dificuldades de aprendizado no colégio Central High, onde, segundo ele, “passou de bom a excepcional aluno”. Formou-se em direito em Stanford e concluiu doutorado em filosofia na Alemanha, sob orientação de Jürgen Habermas. Hoje vive em uma propriedade de 500 acres em New Hampshire e é conhecido por praticar esqui cross-country por horas.

Palantir e contratos governamentais

Fundada há 20 anos com a proposta de levar a inovação do Vale do Silício ao setor público, a Palantir vale cerca de US$ 450 bilhões e concentra a maior parte da receita em contratos com governos ocidentais — sobretudo EUA e aliados. A companhia não faz negócios com Rússia nem China.

Entre os clientes estão CIA, Departamento de Defesa, Imigração e Alfândega (ICE) e Forças Armadas de Israel. Na Ucrânia, o software da empresa é usado para coordenar drones e articular informações em campo de batalha, “entregando força letal”, afirma Karp.

Em 2020, a sede foi transferida de Palo Alto para Denver, tornando-se a corporação de maior valor no Colorado.

Críticas internas e externas

Em maio do ano passado, 13 ex-funcionários acusaram a liderança de trair valores fundadores e “normalizar o autoritarismo”. Karp reconhece que alguns empregados se demitiram por discordar do trabalho com o Exército israelense, mas diz que gerar oposição é sinal de relevância: “Se você não cria resistência, provavelmente está fazendo algo errado”.

Resposta às acusações sobre direitos civis

Questionado sobre o uso de tecnologia para deportações, o executivo lembra ter se recusado a desenvolver um “banco de dados de muçulmanos”. Ele garante monitorar projetos que possam violar o código de conduta da companhia — que cita proteção à privacidade, defesa dos vulneráveis e promoção da democracia — e afirma que já retirou sistemas de alguns clientes por esse motivo.

Alex Karp, da Palantir, reage a críticas e justifica atuação em defesa, imigração e Israel - Imagem do artigo original

Imagem: Steven Levy

Visão sobre política e imigração

Identificando-se como democrata, Karp diz temer alas “woke” tanto da esquerda quanto da direita. Ele se declara cético quanto à imigração em massa, experiência que atribui ao período em que viveu na Alemanha, e avalia que decisões do ex-presidente Donald Trump em inteligência artificial e Oriente Médio foram “muito boas”.

Modelo de negócios e concorrência

Segundo Karp, o principal produto da Palantir é a “orquestração de informações com IA” para operações militares, de inteligência e corporativas. O executivo sustenta que “ninguém faz igual” e que a real competição decorre de grupos políticos que “acordam todos os dias tentando prejudicar” a empresa.

Livro e crítica ao Vale do Silício

Em “The Technological Republic”, escrito com Nicholas Zamiska, Karp acusa o setor de tecnologia de falta de patriotismo desde o lançamento do Macintosh, que, diz, exaltava o individualismo em detrimento do interesse nacional.

Ao término da conversa, Karp reconhece que ser “outsider” traz custos, mas também atrai talentos capazes de analisar problemas “na décima derivada”: “Talvez eu não seja o preferido de todos, mas gosto de ser quem sou na maioria dos dias”.

Com informações de WIRED

Rolar para cima