A estatal Telebras assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com a operadora luxemburguesa SES para ampliar a oferta de internet em regiões remotas do Brasil. A parceria prevê o uso de satélites de órbita média (MEO) da constelação O3b e O3b mPOWER, capazes de alcançar velocidades de até 1 Gbps — desempenho apontado pela empresa como até 10 vezes superior ao serviço da rival Starlink.
O acordo contempla cooperação técnica e operacional, com a utilização da infraestrutura terrestre da Telebras, composta por cinco teleportos distribuídos pelo território nacional. Segundo o presidente da estatal, André Magalhães, o modelo de média órbita garante maior capacidade de banda com menor impacto ambiental, além de reforçar a soberania digital ao manter o tráfego de dados dentro de redes controladas pelo governo federal.
Primeiro teste ocorrerá na COP30
A estreia da nova tecnologia está marcada para a COP30, conferência climática da ONU programada para ocorrer em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro. Durante o evento, a SES fornecerá acesso gratuito à internet para todos os participantes, em cooperação com o Ministério das Comunicações e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Para o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, será a primeira vez que o país disponibiliza esse tipo de conexão de forma aberta ao público, servindo como vitrine do potencial dos satélites MEO no território nacional.
Latência maior, mas dentro do aceitável
Embora ofereça velocidade superior, a órbita média opera a altitudes mais elevadas do que a baixa órbita usada pela Starlink, o que resulta em latência um pouco maior. De acordo com a Telebras, o atraso adicional permanece adequado para aplicações em escolas, órgãos públicos, centros de pesquisa e outras iniciativas de inclusão digital.
Imagem: Internet
Efeitos sobre o mercado e próximos passos
O governo federal vê a parceria como estratégica para reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros e diversificar a conectividade no país. A Telebras planeja estender o uso da rede MEO para instituições de ensino, forças de segurança e comunidades isoladas, com testes e provas de conceito em diferentes regiões.
O movimento ocorre em meio à flexibilização regulatória da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que recentemente autorizou a oferta de conexão direta da Starlink a celulares, elevando a concorrência no segmento de satélites.
Com informações de Mundo Conectado