Rochas vulcânicas formadas há cerca de 560 milhões de anos, no sul do Marrocos, revelam que o campo magnético da Terra seguia ciclos de enfraquecimento e reorganização, em vez de variar de forma aleatória como se pensava. A conclusão é de um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Yale, publicado na revista Science Advances.
O que o estudo mostra
Ao analisar a orientação de minerais como magnetita e hematita preservados em camadas de rochas do período Ediacarano (entre 630 e 541 milhões de anos atrás), a equipe identificou inversões dos polos magnéticos ocorrendo em intervalos de milhares, não de milhões de anos. Os registros mais nítidos concentram-se entre 568 e 562 milhões de anos atrás.
Segundo o primeiro autor, James Pierce, a boa preservação das camadas permitiu reconstruir a sequência temporal das mudanças. Já o geólogo David Evans, que liderou a pesquisa, afirmou que o padrão só apareceu quando os dados foram examinados camada a camada e com técnicas estatísticas de alta resolução.
Implicações para a história do planeta
Durante o Ediacarano, o campo magnético podia ser até dez vezes mais fraco do que o atual, levantando dúvidas sobre a proteção da atmosfera terrestre. Os novos resultados sugerem que as rápidas oscilações refletiam uma reorganização no núcleo externo, possivelmente ligada à formação do núcleo interno sólido, que liberou calor suficiente para alterar o geodínamo.
A descoberta também descarta a hipótese de que os continentes se deslocavam em velocidades extremas na época: as mudanças ocorreriam dentro do próprio campo magnético. Além disso, os autores apontam que padrões semelhantes podem ter se repetido no Devoniano e no Jurássico Superior, sugerindo ciclos de longo prazo de aproximadamente 200 milhões de anos.
Imagem: Universidade de Yale
Os pesquisadores defendem que compreender essas oscilações é essencial para reconstruir a evolução tectônica e magnética da Terra, preenchendo lacunas entre registros geológicos antigos e recentes.
Com informações de Olhar Digital